Lembranças de um passado recente
Hoje, depois de ver o jogo daquela que, excluindo todas as possibilidades elevadas ao infinito de o Brasil ser campeão mundial, eu quero que seja a campeã, a de outrora Laranja Mecânica, hoje Holanda de um futebol bonito, fui resolver alguns problemas no centro da cidade. E já que esse texto fala sobre passado não podemos nos esquecer que esse jogo de hoje antigamente seria “Laranja Mecânica” versus “Dinamáquina”. Depois de resolver tudo me bateu uma lembrança do meu pai, e então o que eu fui fazer? Fui comprar algumas frutas, sim frutas coisa que eu e meu pai, quando vivo e bem de saúde, fazíamos aos sábados pela manhã. Claro que ele ainda continua vivo na minha lembrança. E quando me lembro dessa época, bate também um arrependimento misturado com uma alegria. Lembro que abandonei esse hábito de todas as manhãs de sábado para me dedicar ao futebol, e a alegria vem pelo fato de que nessa época o Ferrulha, para alguns, voltava a ser grande e, para outros, começava a ser grande. Me lembro da Brasília lotada descendo para os jogos, das peripécias do nosso goleiro Tico, dos gols do pequeno, hoje gigante, Lucas, Bujo el matador, Fábio Augusto raçudo... Lembro de Gabriel, aquele que, tímido, começara a jogar no gol e depois de muito chorar e de ser esquecido no banco entrou e fez o gol que nos levara a final. Lembro-me de todos os garotos como se fosse ontem. Estou ate desenvolvendo um filme sobre essa época, espero que vejam um dia nas telas.
Me lembro que na dedicação ao futebol pensei: “agora é a vez de o meu irmão tomar o meu lugar e ir fazer as compras com papai”. Mas não... Essa nunca foi a vocação dele, e foi um erro meu. Ninguém poderia me substituir com meu pai. Éramos eu e ele, pai e filho, irmãos, melhores amigos.
Quando se pensa em algo para escrever, parece que o universo conspira a favor do tema proposto e então quando entrei no lotação para voltar para casa, reparei que na parte da minha frente, local destinado aos idosos estava bastante cheio, tanto que tinham idosos de pé. Vocês podem estar se perguntando por que falar de idosos? Idosos são a ponte dos mais novos com o passado, do mesmo jeito que eles foram presente um dia e nós vamos virar essa ponte algum dia também.
Descendo do lotação e passando em frente a um supermercado me deu vontade de comprar “bobeiras” que eu comprava nos tempos de criança, e assim o fiz. Vou dar uma pausa no texto e comer, antes que minha mãe veja e me questione por que comprar isso, ou que meu irmão chegue e me peça um pouco, e não, não quero dividir com ninguém.
Volto agora a escrever depois de comer as tais bobagens. Depois de sair do armazém e indo para minha casa vi uma criança soltando flecha (para alguns, “papagaio”) e me lembrei de como era viciado. Veio-me então à mente os dias sem almoço, todas as topadas, os vários “tubões” de linha comprados e por aí vai...
Já quase na porta de casa, me lembro do sonho de pequeno de um dia ser advogado, mas antes tinha o sonho de ser centroavante do Cruzeiro, marcar um gol na final de um brasileiro, contra o Galo com o Mineirão lotado e sair pra galera. É, mais isso foram sonhos que não viraram realidade e creio que estou bem sem eles.
Só pra efeito de curiosidade: quando estava no ponto esperando o lotação para ir ao centro, vi passar um “carrão” com um cantor que muito admiro: Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest, mas isso pode vir a ser tema de um outro texto, porque isso creio que não tem nada a ver com o passado. Aliás, acabo de me lembrar da musica que acaba de tocar no meu pc, aquela que embalou uma parte da minha juventude e a de muita gente também, creio eu, porque todos nós esperamos “dias melhores” e cremos que eles virão.
E então nesse dia 14 de junho de 2010 lhes conto um segredo que somente saberão aqueles que lêem as bobagens que escrevo. Para os que me conhecem bem, não será exatamente um segredo, mas uma confidencia: sou um eterno saudosista. Amo sim o passado. Nunca me esquecerei das coisas que vi, das pessoas que pela minha vida passaram. Nunca me esquecerei do meu pai, meu tesouro, meu “cafengo” e do qual eu era “cafenguinho”, aquele que me fez ver a vida como vejo hoje, que me fez amar a musica, amar a vida e fazer tudo para continuar vivo.
Até mais, JF.
sábado, 19 de junho de 2010
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Genial brother, realmente muito bom o texto. Sem dúvida o seu melhor texto em todos aspectos: escrita, forma de expressão, assunto.
ResponderExcluirParabéns e continue assim! Abraço
Muito bom!
ResponderExcluirContinue com o bom trabalho sempre buscando mais!
abraço